BYD alcança a Tesla em quantidade de veículos elétricos comercializados

Rafael Bonani • 4 de outubro de 2023

No Brasil, a marca experimentou um ápice nas vendas de veículos elétricos

Fabricantes tradicionais têm corrido para se adaptarem com um enorme custo financeiro, mas ainda estão muito atrás da Tesla e de uma série de novos concorrentes chineses.


Os veículos elétricos representam uma mudança fundamental nas tecnologias e processos de fabricação que transformaram a Ford e rivais, como a Toyota e a Volkswagen, nas maiores empresas automóveis do planeta.

Os fabricantes de automóveis estabelecidos têm corrido para se adaptarem com um enorme custo financeiro, mas ainda estão muito atrás da Tesla e de uma série de novos concorrentes chineses, incluindo a BYD e a Xpeng.


O mundo precisa mais do que nunca de veículos elétricos acessíveis, uma vez que os modelos desempenharão um papel importante para ajudar os países a reduzir a poluição que provoca o aquecimento do planeta.


Mas poderão os fabricantes de automóveis na Europa e nos Estados Unidos – onde os governos já planejam proibir ou limitar a venda de novos automóveis a gás e diesel – fornecê-los?


“Em última análise, algumas destas empresas de automóveis que têm sido responsáveis pela forma como pensamos sobre os carros nos últimos 100 anos terão apenas uma fração do seu tamanho no futuro”, disse Gene Munster, sócio-gerente da Deepwater Asset Management.


A lacuna de veículos elétricos entre os fabricantes de automóveis antigos e os rivais mais recentes é enorme.

Em 2022, a Tesla entregou 1,31 milhão de veículos elétricos com bateria. A BYD triplicou as vendas em relação ao ano anterior, atingindo mais de 900.000 (um número que sobe para quase 1,86 milhão quando os veículos híbridos plug-in são incluídos).


Em comparação, o Grupo Volkswagen, incluindo Audi e Porsche, vendeu 572.100 veículos elétricos a bateria, enquanto a Stellantis, que fabrica Chrysler e Jeep, chegou a 288.000. Toyota, Ford e General Motors estão ainda mais atrás.


Os novos participantes têm vantagem na tecnologia, e as marcas chinesas em ascensão apresentam custos de produção mais baixos, o que lhes permite cobrar preços mais baixos – uma enorme vantagem, dado que a acessibilidade é uma grande barreira à adoção generalizada de veículos elétricos, de acordo com um inquérito de 2021 sobre empresas de veículos elétricos realizado pela Agência de Energia Internacional (IEA, na sigla em inglês).




Ficando para trás


Na corrida dos carros elétricos que estão remodelando indústria automotiva global, a China está acelerada.

Já o Japão, a Coreia do Sul, a Europa e os Estados Unidos – os dominantes durante décadas – estão atrasados.

Entre 2015 e 2022, os maiores fabricantes de automóveis do mundo — Volkswagen, General Motors, Toyota, Stellantis, Honda, a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, Ford, Hyundai-Kia, Geely, Mercedes-Benz e BMW — viram a sua fatia das vendas de carros elétricos em todo o mundo cair de mais de 55% para 40%, segundo a IEA.


Durante o mesmo período, a cota de mercado combinada de apenas duas empresas – Tesla e BYD – subiu de 20% para mais de 30%.


O banco de investimento UBS prevê que, até 2030, os fabricantes de automóveis chineses poderão ver a sua cota no mercado global de veículos elétricos duplicar, de 17% para 33%, com as empresas europeias sofrendo a maior perda da fatia.


“Aqueles players globais com elevada exposição à China já estão sofrendo com a ascensão dos concorrentes locais, especialmente a Volkswagen e a General Motors”, escreveram os analistas do banco numa nota recente.

Os fabricantes de automóveis estabelecidos estão agora gastando centenas de bilhões de dólares e estabelecendo metas ambiciosas para as vendas de veículos elétricos para reduzir a liderança detida pela Tesla e pelos rivais chineses.


No final de setembro do ano passado, os fabricantes de automóveis e de baterias nos Estados Unidos, Europa e Ásia, excluindo a China, anunciaram mais de US$ 650 bilhões em investimentos até 2030 na transição para veículos elétricos, incluindo instalações de fábricas e produção de baterias, de acordo com à Atlas Public Policy, uma empresa de dados e análise com sede nos EUA.


Não está claro se esses investimentos serão recompensados.


“Quando [os fabricantes de automóveis] falam em alcançar a Tesla ou os principais fabricantes de automóveis chineses, é difícil. Eles simplesmente não têm o conjunto de competências internas”, disse Patrick Hummel, analista do UBS, aos jornalistas numa teleconferência recente.


Planos de gastos multibilionários também surgem em um momento desafiador para a indústria, que há vários anos tem enfrentado a escassez de semicondutores e confusões na cadeia de fornecimento.


As vendas de automóveis em geral permanecem bem abaixo dos níveis pré-pandemia, e as margens de lucro dos veículos elétricos entre os players estabelecidos são reduzidas ou inexistentes.


Há também dúvidas sobre se a procura do consumidor aumentará em linha com a nova oferta. A Volkswagen planeja suspender temporariamente a produção de alguns modelos veículos elétricos na Alemanha no próximo mês devido à demanda mais fraca, disse um porta-voz da empresa à Reuters esta semana.


“A indústria automotiva tradicional está no vermelho quando se trata de eletrificação e continuará no vermelho… por mais de dois anos”, disse Munster, da Deepwater Asset Management, recentemente no X, a plataforma anteriormente conhecida como Twitter.


A Ford é uma dessas montadoras. Em julho, aumentou a sua previsão de perdas no seu negócio de veículos elétricos para o atual ano financeiro para US$ 4,5 bilhões, face a uma previsão anterior de R$ 3 bilhões. E adiou a sua meta de produzir 600.000 veículos elétricos por ano.



Vantagem da China


Os fabricantes de automóveis estabelecidos podem tornar-se ainda menos competitivos se os trabalhadores em greve da Ford, General Motors e Stellantis conseguirem melhores acordos salariais nos Estados Unidos.

“Vai piorar para as três grandes em relação à Tesla no que diz respeito ao custo por hora de mão de obra industrial”, disse Munster.


Se os fabricantes de automóveis dos EUA cederem às exigências sindicais – que incluem aumentos salariais consideráveis ​​e garantias de protecção do emprego – “a estratégia dos veículos elétricos estaria essencialmente morta na chegada”, disse Dan Ives, analista sénior da Wedbush Securities, à CNN.


Isso porque as concessões aumentariam o custo de um veículo elétrico médio entre US$ 3.000 e US$ 5.000. Repassar estes aumentos de custos aos consumidores iria “torpedear” os futuros modelos de negócio das três grandes, acrescentou numa nota de investigação.


Embora necessitem de menos mão-de-obra, os veículos elétricos custam mais para construir do que os veículos com motor de combustão porque as matérias-primas para as baterias são caras e difíceis de encontrar.


O refinamento dos processos de fabricação e o dimensionamento da produção também levam tempo.


Também aqui a China está em vantagem. É de longe o maior fabricante mundial de baterias e dominante no fornecimento e processamento de muitos componentes críticos necessários para fabricar os aparelhos.


“A esmagadora maioria da cadeia de fornecimento de baterias está nas mãos dos chineses”, disse Daniel Röska, chefe de pesquisa automotiva da UE na Bernstein, uma corretora.


“A China colocou um foco muito maior nisso muito antes de qualquer outra pessoa. Portanto, o centro de gravidade está agora [lá]”, disse ele à CNN.


As montadoras globais não tiveram outra escolha senão entrar em joint ventures com fabricantes chineses de veículos elétricos e baterias.


Mas a cooperação tornou-se um empreendimento mais complexo em face ao aumento das tensões comerciais entre a China e o Ocidente e à medida que os governos ocidentais pressionam para reduzir a dependência dos seus países dos chineses.


Na segunda-feira (25), a Ford disse que interromperia os trabalhos em uma fábrica de US$ 3,5 bilhões em Michigan, onde planejava fabricar baterias EV usando tecnologia da chinesa CATL, que também fornece baterias para a Tesla. Quando o plano foi anunciado em fevereiro, atraiu críticas do senador republicano Marco Rubio pela ligação chinesa.


Ford não está pronta para carros elétricos chineses


A China só está consolidando a sua posição de liderança com controles protecionistas sobre matérias-primas essenciais para os veículos elétricos e para a transição energética verde.


As suas exportações de dois minerais raros essenciais para a fabricação de semicondutores – abundantes em veículos elétricos – caíram para zero em agosto, depois de Pequim ter imposto restrições às vendas no exterior, citando a segurança nacional.


Uma investigação recentemente anunciada pela União Europeia (UE) sobre o apoio estatal aos veículos elétricos provenientes da China poderá piorar a situação. Os legisladores da UE expressaram preocupações de que os subsídios governamentais permitam aos fabricantes chineses de veículos elétricos manter os preços artificialmente baixos, criando uma concorrência desleal para os rivais europeus.


Se a UE impuser tarifas superiores à sua taxa padrão de 10% sobre automóveis importados, isso poderá provocar retaliações por parte da China, o que provavelmente prejudicaria os fabricantes de automóveis europeus, muitos dos quais obtêm uma grande parte dos seus lucros na China.


“Adicionar medidas protecionistas em relação à China é como dar um tiro no próprio pé”, disse Röska.

E se a Europa quiser reduzir as suas emissões de carbono, precisará de veículos elétricos baratos.


De acordo com um relatório de 2022 da empresa de investigação Jato Dynamics, os carros elétricos vendidos na China são cerca de 40% mais baratos do que os vendidos na Europa e 50% mais baratos do que nos EUA.


Os fabricantes de automóveis chineses já estão criando instalações de produção na Europa à medida que aumentam as barreiras comerciais. O mesmo deverá acontecer nos Estados Unidos, onde os direitos de importação de automóveis estão fixados em 27,5%.


“Eles não estão aqui, mas pensamos que virão aqui em algum momento”, disse o presidente da Ford, Bill Ford, ao Fareed Zakaria da CNN em junho.


Ele também disse que a Ford ainda não estava pronta para competir com os veículos elétricos chineses nos Estados Unidos: “Precisamos nos preparar e estamos nos preparando”.



Por Felipe Bonani 27 de outubro de 2025
A tokenização de imóveis, impulsionada por uma startup inovadora, está redefinindo o acesso a investimentos e a liquidez de ativos, prometendo um salto exponencial antes mesmo da chegada da moeda digital brasileira. 
Por Felipe Bonani 24 de outubro de 2025
Decisão do Supremo Tribunal Federal (21/10/2025) garante anterioridade nonagesimal e isenta contribuintes que agiram judicialmente até novembro de 2023.
Por Felipe Bonani 22 de outubro de 2025
Descubra como cláusulas abusivas e a falta de blindagem da sua marca podem custar caro ao seu negócio.
Por Felipe Bonani 20 de outubro de 2025
A reforma tributária brasileira de 2025 não é uma mera atualização legislativa; é um terremoto que está redefinindo o tabuleiro de xadrez dos negócios. 
Por Felipe Bonani 17 de outubro de 2025
O PL 1.087/2025 pode gerar tributação anual de lucros offshore e bitributação em doações/heranças, desafiando a segurança jurídica e o Art. 155 da CF.
Por Felipe Bonani 15 de outubro de 2025
A Virada de Jogo na Tributação
Por Felipe Bonani 13 de outubro de 2025
Governo busca R$ 126 bilhões em novas receitas: prepare-se para impactos diretos no seu negócio e patrimônio.
Por Felipe Bonani 10 de outubro de 2025
Entenda como o julgamento do Tema 1348 no Supremo Tribunal Federal pode gerar uma economia fiscal massiva e segurança jurídica para empresas com imóveis no capital social. 
Por Felipe Bonani 8 de outubro de 2025
No complexo tabuleiro tributário brasileiro, cada movimento do judiciário pode gerar um efeito cascata com impacto direto no caixa das empresas. Em 8 de outubro de 2025, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) fará um desses movimentos cruciais, ao julgar o Tema 1.373. A pauta? Definir se o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não recuperável deve integrar a base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. Para muitos empresários, essa é uma questão técnica que esconde uma oportunidade ou um risco financeiro de proporções consideráveis. Caso Concreto: A controvérsia gira em torno de um ponto nevrálgico da tributação: a não cumulatividade. No regime não cumulativo, as empresas podem abater créditos de PIS e COFINS sobre insumos e custos. A questão central é se o IPI pago na aquisição de mercadorias, que por alguma razão não é recuperável (ou seja, não gera crédito de IPI para a empresa), pode ser considerado parte do "custo de aquisição" para fins de cálculo dos créditos de PIS e COFINS. Os contribuintes, em sua defesa, argumentam que a exclusão desse IPI da base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS viola a própria essência da não cumulatividade dessas contribuições. Para eles, o IPI, mesmo que não recuperável, compõe o custo do produto e, portanto, deveria gerar crédito. Além disso, questionam a legalidade da Instrução Normativa nº 2.121/2022 da Receita Federal, que expressamente exclui o IPI não recuperável dessa base, alegando que uma instrução normativa não possui força de lei para restringir direitos creditórios. Por outro lado, o Fisco, através da mencionada Instrução Normativa, defende a exclusão, sustentando que a legislação vigente não prevê a inclusão do IPI não recuperável na base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS. Conexão com a Realidade: Essa discussão não é meramente acadêmica; ela tem um peso real no balanço de milhares de empresas. Setores que lidam com produtos industrializados, onde o IPI é um componente significativo do custo de aquisição e que operam no regime não cumulativo de PIS/COFINS, estão diretamente impactados. Uma decisão favorável aos contribuintes pode significar uma injeção de capital via créditos fiscais, enquanto uma decisão desfavorável pode consolidar uma prática que onera o custo das operações. A decisão do STJ, que será proferida sob o rito dos recursos repetitivos (Recursos Especiais nºs 2.198.235/CE e 2.191.364/RS), terá efeito vinculante, ou seja, servirá de baliza para todos os tribunais e instâncias administrativas do país. O Que Muda na Prática? Potencial de Recuperação de Créditos: Se o STJ decidir a favor dos contribuintes, sua empresa poderá ter direito a créditos de PIS/COFINS sobre o IPI não recuperável pago em aquisições passadas e futuras, representando um alívio significativo na carga tributária. Otimização da Carga Tributária: A inclusão do IPI não recuperável na base de cálculo dos créditos pode otimizar o planejamento tributário, permitindo uma gestão mais eficiente dos custos e maior competitividade no mercado. Necessidade de Revisão de Processos: Independentemente do resultado, será crucial revisar os procedimentos internos de apuração de PIS/COFINS e, se for o caso, iniciar um processo de recuperação de créditos ou ajustar as práticas para evitar autuações futuras. Impacto da Falta de Assessoria: Ignorar o desdobramento desse julgamento é como navegar em águas turbulentas sem bússola. A falta de assessoria especializada pode levar a: Perda de Oportunidades: Deixar de aproveitar créditos legítimos que poderiam ser recuperados, impactando diretamente a lucratividade da empresa. Riscos de Autuação: Manter práticas fiscais desalinhadas com a decisão final do STJ, expondo a empresa a multas e passivos tributários. Desvantagem Competitiva: Operar com uma carga tributária maior do que a necessária, perdendo terreno para concorrentes mais bem informados e assessorados. Modulação de Efeitos: O STJ pode modular os efeitos da decisão, limitando o período de recuperação de créditos. Quem não agir preventivamente, pode perder o "timing" e o direito a valores significativos. Conclusão: O julgamento do Tema 1.373 pelo STJ é mais do que um debate jurídico; é um ponto de virada para a estratégia fiscal de muitas empresas. Acompanhar de perto e, mais importante, agir proativamente com o suporte de uma assessoria jurídica e tributária especializada é fundamental. Não se trata apenas de cumprir a lei, mas de otimizar resultados e construir um império digital com alma, onde cada centavo importa. Não espere a decisão para entender o impacto. Antecipe-se, planeje-se e proteja o futuro financeiro da sua empresa. 👉 Entre em contato conosco hoje mesmo para uma análise personalizada e garanta que sua empresa esteja preparada para qualquer cenário. 📲 Fale agora com nossa equipe e saiba como proteger sua marca e sua empresa. 👉 Siga @bonaniadvogados e @rafaeljmbonani para mais atualizações sobre este e outros casos relevantes. Para mais informações siga nossas Páginas informativas.
Por Felipe Bonani 6 de outubro de 2025
Decisão do STF pode significar uma economia gigantesca para sua empresa.
Show More