Inteligência Artificial no Mercado de Capitais e a Pauta ESG

Felipe Bonani • 11 de dezembro de 2023

Perspectivas e Desafios

Nos últimos tempos, a inteligência artificial generativa (“IA”, “Artificial Intelligence”, em inglês, ou simplesmente “AI”) passou a ser assunto nos mais diferentes meios, e, como não poderia ser diferente, passou a ser amplamente discutida no meio jurídico e no âmbito do mercado de capitais, com diferentes questionamentos de natureza legal envolvendo o tema. Já houve, inclusive, comparações no sentido de a inteligência artificial ser o novo “ESG” – fazendo-se referência à grande revolução que a temática ESG (“environmental, social and governance”) tem gerado nos mais diferentes mercados nos últimos anos. Embora a comparação nos pareça desproporcional – uma vez que a revolução que a inteligência artificial trará nos parece ser muito mais abrangente e estrutural do que o impacto nos mercados decorrentes do capitalismo de “stakeholders” e pilares ESG –, fato é que ambos os temas têm suscitado discussões muito interessantes, que inclusive se entrelaçam.

 

No âmbito do mercado de capitais, há, atualmente, discussões permeando essas duas importantes pautas: a inteligência artificial e as questões ESG. Há questionamentos no sentido de se os sistemas e programas que utilizam a inteligência artificial seriam impulsionadores da agenda ESG ou se, ao contrário, seriam uma ameaça à pauta ESG.


Avanços em matéria de inteligência artificial permitiram a automação de tarefas relacionadas ao processamento e análise de dados, tanto em termos de aumento do volume de dados que poderiam ser processados, quanto em relação ao tempo de processamento desses dados – a exemplo, algoritmos e programas de computador foram desenvolvidos para processar e analisar informações que, sem a utilização da inteligência artificial, levariam um tempo muito maior para serem processadas e analisadas. Nesse contexto, a utilização da inteligência artificial no âmbito do mercado de capitais permite que os investidores coletem e analisem um volume muito maior de informações a respeito de seus investimentos, incluindo dados relacionados a fatores e critérios ESG. Essa automatização dos processos de coleta e análise de dados relacionados a questões ambientais, sociais e de governança acaba facilitando a tomada de decisão por parte dos investidores que desejam investir nesses produtos de investimento. Desse modo, ferramentas que utilizem tecnologias IA poderiam ser consideradas facilitadores e impulsionadores da pauta ESG e do investimento sustentável.

 

Nesse contexto, a utilização da inteligência artificial no âmbito do mercado de capitais permite que os investidores coletem e analisem um volume muito maior de informações a respeito de seus investimentos, incluindo dados relacionados a fatores e critérios ESG. Essa automatização dos processos de coleta e análise de dados relacionados a questões ambientais, sociais e de governança acaba facilitando a tomada de decisão por parte dos investidores que desejam investir nesses produtos de investimento. Desse modo, ferramentas que utilizem tecnologias IA poderiam ser consideradas facilitadores e impulsionadores da pauta ESG e do investimento sustentável.

 

Por outro lado, a utilização das tecnologias de inteligência artificial também representa

desafios sob o aspecto ambiental, social e de governança corporativa.

 

Do lado ambiental, o processamento de dados via inteligência artificial demanda um grande consumo de energia elétrica, contribuindo para o aumento da emissão de gases do efeito estufa4. Em relação a aspectos sociais e de governança corporativa, as tecnologias que empregam a inteligência artificial podem refletir vieses e imprecisões observados nos indivíduos que os desenvolveram e nos dados a partir dos quais os sistemas de inteligência artificial foram treinados e criados.

 

Outro ponto muito importante a ser considerado no contexto social é a quantidade, provavelmente em enorme escala, de empregos que simplesmente deixarão de existir em virtude dos avanços da inteligência artificial e sua aplicação nas mais diferentes indústrias e atividades econômicas. Há quem compare a dimensão do impacto que haverá no mercado de trabalho àquele anteriormente vivido quando da Revolução Industrial.

 

Nos Estados Unidos, para endereçar algumas questões relacionadas ao uso da inteligência artificial no âmbito do mercado de capitais, a Securities and Exchange Commission (SEC), autoridade reguladora do mercado de valores mobiliários norte-americano, propôs, em julho de 2023, regras e novos requerimentos para que as corretoras e consultores de investimentos tomem determinadas medidas para endereçar potenciais conflitos de interesses associados ao uso da análise preditiva de dados e tecnologias de inteligência artificial para interagir com investidores.

 

As novas regras propostas têm como enfoque os potenciais conflitos de interesses que poderiam surgir a partir da utilização de modelos analíticos complexos (incluindo aqueles relacionados a tecnologias que empreguem inteligência artificial) por esses agentes, que poderiam estar sobrepondo os seus interesses aos dos investidores.

 

Ou seja, se por um lado, o uso de tecnologias de inteligência artificial pode ser benéfico aos investidores por permitir o acesso e processamento de um maior volume de informações sobre o mercado de capitais, por outro há também um risco de, a partir do uso dessas tecnologias e considerando sua potencial escalabilidade, as corretoras e consultores de investimentos utilizarem tais novas tecnologias para se beneficiarem em detrimento dos interesses dos investidores. A partir das regras propostas pela SEC, as companhias corretoras e consultoras de investimento deveriam adotar medidas para endereçar eventuais situações de conflitos de interesses, além de políticas e procedimentos escritos para alcançar um grau de conformidade com as regras propostas. De acordo com o presidente da SEC, Gary Gensler, se adotadas, essas regras ajudariam a proteger os investidores de situações de conflitos de interesse decorrentes e advindas do uso de tecnologias de inteligência artificial.


No Brasil, até o momento, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autoridade reguladora do mercado de valores mobiliários, ainda não propôs regras para endereçar potenciais conflitos advindos do uso de tecnologias de inteligência artificial no âmbito do mercado de valores mobiliários. Para conciliar os benefícios advindos da utilização da inteligência artificial no âmbito do mercado de capitais com os riscos envolvendo essas novas tecnologias, incluindo riscos relacionados a conflitos de interesses, é essencial que as companhias adotem medidas de segurança relacionadas à IA, tais como a criação de comitês de riscos e de auditoria voltados a questões envolvendo o uso dessas tecnologias.

 

Infelizmente, atualmente ainda é baixo o número de companhias que adotam medidas nesse sentido. De acordo com recente estudo conduzido pelo “Collective Impact Coalition for Digital Inclusion”10, apenas cerca de 10% das companhias líderes em termos globais em questões envolvendo inteligência artificial divulgaram compromissos com questões éticas relacionadas à inteligência artificial11. É essencial que haja propostas e medidas, sejam fruto de políticas impostas pelo regulador ou compromissos voluntariamente assumidos pelas companhias que venham a empregar IA em suas atividades, visando a assegurar que a inteligência artificial seja um verdadeiro potencializador e impulsionador do investimento consciente sem colocar em risco o interesse dos investidores e a agenda ESG.


Por Felipe Bonani 6 de junho de 2025
Evite prejuízos jurídicos com um simples passo!
Por Felipe Bonani 2 de junho de 2025
SIMPLES NACIONAL EM RISCO!
Por Felipe Bonani 29 de maio de 2025
Pare de Rasgar Dinheiro: 95% das Empresas Pagam Impostos a Mais e Nem Imaginam! Sua empresa paga os impostos rigorosamente em dia? Ótimo! Mas… e se dissermos que pagar tudo 'certinho' pode, na verdade, estar custando caro? Parece contraintuitivo, mas a complexidade do sistema tributário brasileiro esconde armadilhas que levam muitas empresas a pagar mais impostos do que deveriam, mesmo agindo de boa-fé e seguindo as orientações contábeis padrão. A realidade é alarmante: estudos indicam que impressionantes 95% das empresas no Brasil pagam tributos a mais. O motivo principal não é sonegação ou erro intencional, mas sim a ausência de um planejamento tributário estratégico e revisões periódicas. Muitas vezes, as empresas seguem o fluxo padrão de apuração e pagamento, sem analisar se existem regimes tributários mais vantajosos ou créditos fiscais não aproveitados. É como abastecer um carro popular com combustível premium desnecessariamente – funciona, mas o custo é muito maior. Esse pagamento excessivo, acumulado ao longo dos anos, representa um capital significativo que poderia estar sendo reinvestido no próprio negócio. Para empresários, gestores e contadores, essa situação representa um desafio constante. A pressão por cumprir prazos e a complexidade das normas fiscais podem levar a uma abordagem reativa: paga-se o que é devido conforme a apuração padrão, sem tempo ou recursos para uma análise mais profunda. O resultado? Dinheiro legítimo da empresa sendo deixado na mesa, impactando diretamente o fluxo de caixa, a competitividade e o potencial de crescimento. A falta de revisão e planejamento transforma o que deveria ser uma obrigação cumprida corretamente em uma perda financeira silenciosa. O Que Muda na Prática? Entender esse cenário abre portas para uma gestão fiscal mais inteligente e econômica. Veja como isso pode impactar seu dia a dia: Revisão Estratégica: Implementar rotinas de revisão fiscal pode identificar pagamentos indevidos ou a maior, abrindo caminho para a recuperação de créditos tributários dos últimos 5 anos.  Planejamento Tributário: Analisar periodicamente o regime tributário mais adequado para o perfil e faturamento da sua empresa pode gerar economias significativas e recorrentes. Segurança Jurídica: Uma análise tributária bem-feita não só recupera valores, mas também garante que a empresa esteja em conformidade, evitando futuras autuações e multas por interpretações equivocadas da legislação. Não faça parte da estatística dos 95%. Pagar impostos corretamente é fundamental, mas pagar eficientemente é estratégico. Se você suspeita que sua empresa pode estar pagando mais impostos do que o necessário, ou simplesmente deseja garantir que está aproveitando todas as oportunidades legais de economia, este é o momento de agir. Busque orientação especializada para realizar um diagnóstico tributário completo. Descubra se sua empresa tem valores a recuperar e otimize sua carga fiscal para o futuro. Entre em contato conosco e vamos conversar sobre como transformar sua gestão tributária em uma vantagem competitiva. 📲 Clique aqui e agende sua consultoria preventiva. 👉 Siga @bonaniadvogados e @rafaeljmbonani para mais atualizações sobre este e outros casos relevantes. Para mais informações siga nossas Páginas informativas.
Por Felipe Bonani 26 de maio de 2025
Novas regras do IOF entram em vigor e afetam empresas, investidores e operações internacionais
Por Felipe Bonani 22 de maio de 2025
DECISÃO HISTÓRICA NA UNIÃO EUROPEIA IMPACTA MULTINACIONAIS!
Por Felipe Bonani 19 de maio de 2025
NOVA LEI PODE MUDAR O JOGO TRIBUTÁRIO!
Por Felipe Bonani 8 de maio de 2025
Riscos psicossociais deverão ser avaliados
Por Felipe Bonani 29 de abril de 2025
STF Autoriza Suspensão da CNH para Cobrar Dívidas:
Por Felipe Bonani 28 de abril de 2025
Decisão do STF garante direito à devolução de imposto pago indevidamente em planos VGBL e PGBL. Veja como assegurar seu reembolso!
Por Felipe Bonani 21 de abril de 2025
Justiça Federal nega a vinícola descontos no PIS e Cofins por gastos com representação comercial
Show More